O governo da Venezuela afirmou ter destruído uma pista de pouso clandestina utilizada por aeronaves envolvidas em garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A informação foi divulgada pelos canais da Força Aérea do país, e o governo venezuelano comunicou o Ibama sobre a ação. O Ibama havia informado à embaixada venezuelana sobre duas pistas clandestinas na região de fronteira, próximas à terra yanomami em Roraima.
Uma das pistas, previamente flagrada pela Folha, estava localizada em território venezuelano, a 5 km da fronteira. O governo brasileiro chegou a planejar a destruição da pista, mas a ação foi abandonada ao constatar que a estrutura estava do lado venezuelano. Agentes do Ibama já sabiam que as aeronaves eram operadas por brasileiros, atuando na terra yanomami, e a presença de um entreposto na Venezuela dificultava a fiscalização.
O Ibama destruiu duas aeronaves provenientes da pista clandestina em dezembro, pertencentes ao suposto responsável pela logística do garimpo, José Olímpio Lima Silva Sobrinho, multado em mais de R$ 3 milhões. Os aviões operavam em garimpos nas regiões de Homoxi e Xitei, onde a exploração ilegal de ouro tem impactado a saúde dos indígenas. O governo federal anunciou medidas para enfrentar a crise humanitária yanomami, incluindo a instalação de bases de vigilância, com gastos previstos de R$ 1,2 bilhão.
Diante da inação do Estado brasileiro, o MPF em Roraima obteve decisão judicial estabelecendo multa de R$ 1 milhão caso o governo não apresente, em 30 dias, um novo cronograma de ações para combater o garimpo na terra yanomami. A decisão foi resultado de pedido do MPF, que destacou a necessidade de um planejamento efetivo para proteger o território tradicional e remover invasores.
