A média histórica de precipitação em Salvador em junho é de 230mm, de acordo com registros feitos pela estação pluviométrica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de Ondina. No entanto, com mais de dez dias para o fim do mês, os bairros de Sussuarana (263,0mm), Alto do Cabrito (253,8mm) e Santa Luzia (231,4mm) já deixaram a marca para trás. O último, inclusive, superou a marca na madrugada ao longo da madrugada desta segunda-feira (19). Em toda a cidade, a incidência de chuvas tem sido causada pela atuação do Cavado, um sistema de baixa pressão próximo a costa do Nordeste, e um sistema de alta pressão sobre o Oceano Atlântico que intensificaram os ventos úmidos. Porém, nos bairros onde esse fenômeno fez a média histórica de chuva ser superada, o volume é maior por conta das distinções topográficas entre as áreas da capital. Pelo menos, é o que afirma Laurizio Alvez, meteorologista da Codesal. "Está relacionado a topografia da cidade e os fenômenos meteorológicos que trazem chuva. Por exemplo, no mês de junho, o principal fenômeno que atuou foi um sistema de baixa pressão, que intensifica os ventos úmidos do oceano e causa chuvas principalmente nas áreas de topografia mais alta da cidade, que são as áreas periféricas da cidade, tais como: as prefeituras-bairro Subúrbio/Ilhas, Cabula/Tancredo Neves", explica Alvez. O fato das regiões periféricas figurarem nas primeiras posições quando o assunto é volume de chuva não é à toa. O meteorologista acrescenta que, no período mais chuvoso da cidade de abril a junho, são essas as áreas com mais volume e ocorrências registradas pela Codesal por se alinharem às características geográficas mais suscetíveis às chuvas na cidade. "As áreas periféricas apresentam topografia mais alta da cidade e no período de Operação Chuva (abril, maio e junho) os principais fenômenos que causam chuvas são as frente frias e os sistemas de baixa pressão, os quais tendem a se deslocar e intensificar as chuvas nas regiões mais altas", completa ele. É importante ressaltar, porém, que as estações monitoradas pelo Centro do Monitoramento de Alerta e Alarme da Defesa Civil (CEMADEC) em bairros existem desde 2016 e não representam a climatologia local de Salvador, que toma como referência a estação de Ondina do Inmet, que está em operação a mais de 30 anos. Portanto, a comparação da média histórica é realizada com o local da estação, que tem características topográficas diferentes dos locais onde mais chove. Na estação de Ondina, inclusive, o registro de acumulados de chuva até aqui nesse mês é de 136,7mm. Ao todo, o Cemadec tem 74 equipamentos em Salvador e nas ilhas.Correio 24hs