No Dois de Julho, o baiano também é carnaval

Além das fanfarras com músicas típicas de carnaval que embalam o caminho da Lapinha ao Campo Grande, muitos dos que acompanham o cortejo trazem consigo uma energia digna de fevereiro. Sandra Rodrigues é uma dessas pessoas: por anos, a esteticista de 48 anos e o marido aproveitaram o desfile da Independência baiana para apresentar a história do estado aos filhos. Hoje, com as crianças já crescidas, eles aproveitam para curtir ao lado dos isopores. “A gente gosta muito de ver o desfile e, sem as crianças para olhar, nós ficamos mais à vontade. Eu acho essa festa muito legal, porque além da alegria tem os protestos, as pessoas que têm dificuldades trabalhistas chegam aqui e mostram, eu acho isso muito bom”, afirma. Para Alberto Dantas, advogado de 46 anos, a situação é similar. Amante da data pela simbologia, ele uniu o útil ao agradável e curtiu a festa próximo aos pontos de vendas de cerveja, com o irmão. “Eu vim pela simbologia do dia, pela importância histórica, e me surpreendi positivamente. É um show de expressão e de sentimento do povo baiano”, diz. Lindinalva Lopes, 56, vê o cortejo como uma ocasião para reunir os amigos. “Todos os anos eu venho com os meus amigos para o mesmo lugar, ver os políticos passarem e tomar minha cervejinha, também”, diz ela. Uma grana a mais Para muitos moradores e comerciantes em geral, as comemorações da Independência são uma oportunidade de lucrar um pouco mais. Luiz Antônio Ribeiro é um eles. Morador de um ponto do percurso do desfile cívico há seis anos, em todo Dois de Julho ele aproveita a movimentação nas ruas para vender produtos na frente de casa. No menu, ele oferta licor, batidas, caldos e dobradinha. Às 07h30, Ribeiro já tinha vendido cinco dobradinhas. “O movimento está ótimo, o pessoal começa cedo a procurar o que comer. É bom para poder tirar um trocadinho, né? Que nem todo mundo aí”, diz. No caminho para o Campo Grande, os participantes do cortejo encontram diversas opções de lanches, refeições e bebidas. Entretanto, um ponto de vendas na Ladeira da Soledade é notável. Em frente ao Centro de Surdos da Bahia (CESB), integrantes surdos vendiam salgados e refrigerantes na língua de sinais. A interação com ouvintes que não sabem Libras era feita com o cliente apontando para o produto que queria na tabela colada à parede. Janete Baliza, 55, através da intérprete Cristiane Guimarães, que é coordenadora administrativa do CESB, foi uma das responsáveis pelo caixa durante o desfile, e conta que o dinheiro das vendas retorna para investimentos no Centro de Surdos. “Depois, nós temos diferentes ideias do que fazer com o valor: economizar para depois investir em outro evento, no social, no esporte. Às vezes, junto com o esporte, a diretoria da parte social promove diferentes eventos, cursos de Libras, festas de São João e de Natal ou palestras, por exemplo”, conta. O projeto Bahia livre: 200 anos de independência é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador. *Com a orientação de Perla Ribeiro.Correio 24hs

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