Em julho, Região Metropolitana de Salvador tem maior deflação mensal em 33 anos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, calculado pelo IBGE, ficou em -1,06% na Região Metropolitana de Salvador (RMS) no mês de julho. O número representou a maior deflação, queda média de preços na região, em 33 anos da série histórica, iniciada em julho de 1989.

O recuo do custo na RMS foi mais intenso do que o verificado no país como um todo, o de 0,68%, também uma deflação recorde, e o 7º entre os 16 locais investigados separadamente pelo IBGE para calcular a inflação oficial do Brasil. Todos os locais registraram queda média de preços, liderados pelo município de Goiânia/GO (-2,12%).

Com o resultado de julho, o IPCA na RM Salvador acumulado em 2022 desacelerou, ou seja, aumentou menos do que no mês anterior, pela primeira vez no ano, ficando em 5,48% (frente a 6,60% no primeiro semestre). Continua acima do índice nacional de 4,77% e é o terceiro maior do país.

Nos 12 meses encerrados em julho, a inflação na RM Salvador está em 11,38% e também mostrou sua primeira desaceleração desde fevereiro de 2022. Continua, porém, acima do indicador nacional de 10,07% e é a mais elevada do país.

O quadro a seguir mostra o IPCA para Brasil e áreas pesquisadas, no mês, no ano e nos 12 meses encerrados em julho de 2022

Queda recorde nos preços dos transportes

Em julho, a deflação mensal histórica na Região Metropolitana de Salvador foi resultado de recuos nos preços médios em quatro dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA. Segundo o IBGE, o resultado foi fortemente influenciado pela queda de 5,26% verificada no grupo transportes, a mais intensa em 33 anos de série histórica, puxada, por sua vez, pelo recuo mensal recorde no preço da gasolina, de -16,97%.

Além dela, o etanol também mostrou deflação intensa (-11,99%), fazendo os combustíveis, de uma forma geral, caírem de forma significativa (-15,49%), apesar do aumento do diesel em 0,10%. A queda média dos preços de habitação de 2,54%, mais intensa desde fevereiro de 2013, quando o IPCA do grupo havia sido de -2,97%, também teve papel central na deflação de julho na RM Salvador.

A principal influência nesse sentido veio da energia elétrica (-10,30%), segundo item que individualmente mais contribuiu para a queda do IPCA no mês. O recuo nos combustíveis é resultado tanto da redução de 20 centavos no preço médio do produto vendido para as distribuidoras, anunciada em 20 de julho, como dos efeitos da Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho, que reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações.

Essa lei impactou também na queda do preço da energia elétrica, que teve efeito ainda da aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das Revisões Tarifárias Extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou redução nas tarifas a partir de 13 de julho. Além de transportes e habitação, também foram registradas deflações nos grupos artigos de residência (-0,31%) e comunicação (-0,35%).

Por outro lado, dentre os cinco grupos de produtos e serviços que seguiram com os preços em alta, a principal pressão inflacionária veio de alimentação e bebidas (0,70%), seguido por saúde e cuidados pessoais (0,74%). Nos alimentos, o destaque ficou com o leite longa vida (25,22%) que teve o segundo maior aumento dentre as dezenas de produtos e serviços investigados para formar o IPCA na RM Salvador – ficou abaixo apenas da melancia (que aumentou 27,09%).

Já itens como o tomate (-17,99%, maior deflação), a cenoura (-15,49%), a batata-inglesa (-9,06%) e a cebola (-6,36%) tiveram recuos expressivos nos preços médios, em julho. Entre as despesas com saúde e cuidados pessoais, a principal pressão inflacionária veio dos planos de saúde (1,07%)

Na RM Salvador, INPC foi de -0,93% em julho, maior queda em quase 24 anos (desde 1998)

Na Região Metropolitana de Salvador, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com menores rendimentos (até 5 salários mínimos), ficou em -0,93% em julho. De forma semelhante ao IPCA, o INPC de julho na RM Salvador também apresentou deflação mais intensa do que a nacional (-0,60%). Foi o menor índice, na RMS, em quase 24 anos, desde o registrado em setembro de 1998 (-1,00%).

Ainda assim, nos primeiros sete meses de 2022, o INPC acumula alta de 6,04% na RM Salvador, maior índice do país e superior ao nacional (4,98%). Também é o mais alto nos 12 meses terminados em julho (12,09%), enquanto o índice nacional está em 10,12%.

Correio 24hs

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