Aos 43 anos, mais de 20 deles dedicados à vida pública, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) teve sua primeira candidatura ao governo do estado oficializada na sexta-feira no Centro de Convenções da capital, situado na Boca do Rio. Ao lado da empresária Ana Coelho, indicada pelo Republicanos para a vaga de vice, e do deputado federal Cacá Leão (PP), que completa a chapa como concorrente ao Senado, Neto relembrou a trajetória na política e disse, durante a convenção do partido lotada de aliados e apoiadores, que entra na disputa comprometido com um projeto “para mudar a Bahia”.
A expressão, inclusive, intitula o plano de governo de Neto, também apresentado no evento. O documento aponta ações prioritárias para áreas como segurança pública, saúde, educação, desenvolvimento regional, emprego e renda. “Confesso a vocês que minha vida inteira eu sonhei com esse dia. Muitas coisas vinham ao meu coração e geravam expectativas, mas jamais poderia imaginar uma emoção tão grande como a de hoje”, afirmou o ex-prefeito, ao iniciar o discurso, marcado pelo tom emocional.
No mesmo dia do lançamento da candidatura, um nova pesquisa divulgada pelo instituto Séculus reafirmou a vantagem de quase 50 pontos percentuais de Neto em relação ao segundo colocado (leia mais ao lado). “Eu acredito em trabalho duro, em correr atrás, em suar a camisa. Eu não sou produto do acaso. Eu não sou o resultado da vontade de um partido político. Eu não estou aqui escolhido e confirmado nesta convenção porque não tinha outro nome e de repente eu apareci. Não! Eu estou aqui porque eu me preparei a vida toda para este momento”, acrescentou.
Críticas
Em sua primeira fala como candidato oficial, Neto não poupou críticas à atual gestão estadual, controlada pelo PT desde 2007. “Nós vivemos há 16 anos sob o comando do mesmo grupo político. Tiveram muitas oportunidades, várias chances. Eles se contentam com o último lugar. Comigo é diferente. Eu só aceito ser o primeiro. Só quero ver a Bahia em primeiro lugar”. Para o candidato da União Brasil, a Bahia vive atualmente em rota de queda.
”A verdade, infelizmente, é que hoje, em muitas coisas que nós deveríamos estar em primeiro lugar, nós estamos em último. Em muitas coisas que deveríamos estar em último lugar, estamos em primeiro. Educação, último. Violência, primeiro. Pior no desemprego, pior na pobreza, pior na fila da saúde pública”, afirmou.
A candidata à vice-governadora na chapa de Neto, Ana Coelho, reafirmou o sentimento ao receber o convite. “Como eu falei anteriormente, eu me senti honrada. Primeiro, pela possibilidade de ser a primeira mulher a ocupar o cargo na Bahia e de representar as mulheres no governo. A gente precisa de mais mulheres ocupando esses espaços”, disse.
Cacá Leão, como Neto, também resgatou sua trajetória política e prometeu estar ao lado dele como representante da Bahia no Senado, para atuar no aperfeiçoamento das leis e na interlocução do governo do estado na busca de recursos e investimentos.
Multidão
A convenção contou com expressiva presença de aliados políticos, apoiadores e lideranças das mais diversas regiões da Bahia. Entre eles, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil). Durante a coletiva que antecedeu o evento, Reis enfatizou o aumento do número de prefeitos em torno da candidatura de Neto. Citou como exemplo a Região Metropolitana de Salvador, na qual só dois dos 13 governantes não aderiram ao bloco oposicionista.
Ao todo, aproximadamente 200 prefeitos baianos já anunciaram apoio a ACM Neto, boa parte ex-integrantes da base liderada pelo PT. A aliança em torno de Neto reúne 13 partidos. Além do União Brasil, PP e Republicanos, integram a coligação PSDB, PDT, PSC, Solidariedade, Cidadania, Podemos, PRTB, PTB, DC e PMN.
Também presente ao ato, o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), elogiou a capacidade de liderança de Neto.
“Todos diziam que Salvador era inviável, que não se sustentava, que precisa do estado. Você mostrou que a capital precisava de um grande líder”, disse.
Plano de governo
Durante a convenção, Neto apresentou detalhes do programa de governo, já concluído. O que, para ele, demonstra o nível de conhecimento sobre os problemas da Bahia, as soluções para resolvê-los, o interesse em saber o que fará para agir de imediato, caso seja eleito. Entre as propostas, estão os chamados Governos Regionais (GRs). A ideia prevê ações focadas nas peculiaridades, características e gargalos de cada parte do estado.
Ao longo da pré-campanha, a caravana liderada por Neto visitou aproximadamente 200 municípios, das mais diversas regiões. Destas, Oeste e Extremo-Sul encabeçam a lista de prioridades no plano de governo do candidato da União Brasil, como as primeiras a serem beneficiadas se ele passar pelo crivo das urnas.
“Nós vamos debater com os baianos as principais ideias contidas nesse plano, para que saibam que ouvimos nosso povo e os melhores técnicos. Quando eu sentar na cadeira, saberei quais decisões tomar, e quero fazer um governo que seja referência para o Brasil. Sei que a expectativa das pessoas é muito grande e que não posso errar”, destacou.
Para a área da educação, Neto propõe ações focadas na aprendizagem, da creche à universidade, além da ampliação do ensino técnico e em tempo integral. O plano prevê ainda atuação em parceria com os municípios, além de criar um prêmio para aqueles que conseguirem melhorar os índices da educação local.
Na saúde, Neto citou a expansão da rede de atendimento, assim como a implementação de recursos de inteligência digital e qualificação de pessoas para destravar a fila da regulação. Ao mesmo tempo, a ideia é apostar na criação de hospitais microrregionais, fornecer apoio para ampliar unidades municipais e aumentar vagas de atendimento através de hospitais filantrópicos e de convênios com a rede privada, além da consolidação da telemedicina.
O documento apresenta ainda ações para o fortalecimento das indústrias e investimentos altos no campo, tanto na agricultura familiar quanto no agronegócio.
Segurança Pública
Um dos principais eixos do plano de Neto tem como meta combater a onda crescente de violência no estado. “Quando a gente fala de (problemas) na segurança, é como se as pessoas tivessem se acostumado com isso. É tanta desculpa que o governo atual traz: ‘ah, é um problema nacional, apenas de causas sociais’. Esse descrédito, essa falta de expectativa de que alguém possa chegar e resolver é resultado da política da gestão atual”, criticou.
“O que posso assegurar, sem cair no erro e nem cometer o pecado de ficar fazendo promessas, é que vou trabalhar para valer, assumir a responsabilidade, enfrentar o problema. Não vai ter história de que não é comigo. A desculpa hoje é tão esfarrapada que vários estados do Brasil – Mato Grosso do Sul, Goiás e Santa Catarina – reduziram os índices de violência nos últimos anos. Por que a Bahia só cresceu? Pela falta de governo, incompetência”, conclui Neto.
Pesquisa reafirma liderança de Neto e vitória no 1º turno
Enquanto ACM Neto (União Brasil) formalizava sua candidatura a governador no Centro de Convenções, uma nova pesquisa divulgada na sexta reafirmava o favoritismo do ex-prefeito de Salvador na disputa e a tendência de vitória ainda no primeiro turno. De acordo com o instituto Séculus, Neto segue na liderança da corrida, com cerca de 50 pontos à frente do segundo colocado, o petista Jerônimo Rodrigues.
Segundo a pesquisa, o ex-prefeito soma 60,94% no cenário estimulado, quando são apresentados os nomes de todos os candidatos. O percentual é quase o mesmo da sondagem anterior da Séculus, divulgada em 19 de julho – 61,6%. Em seguida, aparecem Jerônimo, com 13,04%, e João Roma (PL), com 7,86%. Antes, eles tiveram 11,73% e 7,54%, respectivamente. Considerando a margem de erro de 2,5 pontos, não houve alteração significativa.
No cenário espontâneo, quando os entrevistados escolhem sem lista, Neto mantém liderança folgada, com 39,45%, ante 7,86% de Jerônimo e 6,16% de Roma. A pesquisa entrevistou 1.526 pessoas de 72 municípios entre 23 e 26 de julho e está registrada na Justiça Eleitoral com o número BA-00532/2022. (Veja quadro completo acima)