Bonito (MS): como a cidade se transformou na capital brasileira do ecoturismo

Gruta do Lago Azul, cartão-postal de Bonito e uma das primeiras atrações na cidade Hudson Garcia.

Do turismo informal nas décadas de 1970 e 1980 até recordes de visitação no último ano, a cidade se estruturou ao longo do tempo e virou referência pelo país.

Antes, tudo era mato. Hoje, na terceira década do século 21, o mato continua, mas com usos distintos que equilibram a agropecuária e o turismo de natureza. Assim é Bonitocidade de apenas 22 mil habitantes no Mato Grosso do Sul que é considerada a capital brasileira do ecoturismo.

Com o passar dos anos, a cidade, distante cerca de 300 km da capital Campo Grande, despertou cada vez mais o interesse de turistas pelas suas belezas naturais e passou, aos poucos, a ser um destino reconhecido no cenário nacional e internacional.

Não à toa, foram registrados recordes de visitação em 2021 e no início de 2022, muito impulsionado pelo boom na procura por destinos de ecoturismo e de áreas verdes ocasionado pela pandemia, assim como lugares com limitação de visitantes, outro atrativo de Bonito que ajudou neste momento crítico para o turismo.

Recordes de visitação

De setembro a dezembro de 2021, Bonito registrou os melhores cinco meses dos últimos sete anos (quando foi iniciada a contagem da série histórica) em relação ao número de visitantes na cidade.

De acordo com dados do Observatório de Turismo e de Eventos de Bonito (OTEB), foram, ao todo, 205.460 pessoas no ano inteiro, aumento de 41,4% em relação a 2020 – ano em que a pandemia do coronavírus fez com que a cidade zerasse seu número de turistas entre abril e junho e sofresse com os reflexos das restrições nos meses seguintes.

E o primeiro mês de 2022 seguiu na toada das boas projeções: foi o melhor janeiro desde 2015, recebendo 30.220 visitantes e recuperando o número de turistas de antes da pandemia – o que representou um aumento de 42,3% em relação ao mesmo período de 2021.

Logo, os números refletem a fama que Bonito carrega: o melhor destino de ecoturismo no país. A localidade foi, inclusive, escolhida pelo Ministério do Turismo como uma das 25 cidades brasileiras que prometem ser tendência neste ano de 2022.

Mas, afinal, como Bonito passou de uma cidadezinha no interior do Mato Grosso do Sul para um gigante no ecoturismo?

História: fazendas e belezas naturais intocadas

Terras a perder de vista. Assim era Bonito em seus primórdios. O núcleo habitacional começou com a área da Fazenda Rincão Bonito, propriedade adquirida pelo Capitão Luiz da Costa Leite Falcão, que fincou sua residência ali em 1869 e é considerado o desbravador da região.

Em 1915, o local passou a ser um distrito, área desmembrada do município vizinho de Miranda – mas subordinado a ele. Após outros episódios e reintegrações, somente em 1948 que foi elevado à categoria de município e foi, entre as décadas de 1970 e 1980, que começou a ser descoberta turisticamente, ainda que de forma informal.

  • Entre amigos e familiares, moradores de Bonito nadavam nos rios e cristalinos da cidadeCrédito: acervo pessoal/Multi Frequência (data desconhecida).

Nas grandes fazendas rurais, que tinham a pecuária como principal renda, passavam nascentes e rios de águas cristalinas, assim como cachoeiras e grutas, que antes eram visitadas por moradores e familiares. De olho em mais uma fonte de renda, os proprietários enxergaram potencial e decidiram, aos poucos, investir no turismo.

Com o passar do tempo, ecologistas e cientistas começaram a frequentar a área. Na década de 1980, visitas já eram realizadas na Gruta do Lago Azul – hoje cartão-postal de Bonito cheio de regras para visitação, e que teve a primeira grade para impedir a passagem desenfreada de turistas apenas em 1985 – e também na Ilha do Padre, onde funciona atualmente o complexo Eco Park Porto da Ilha.

Na década de 1990, as visitas começaram a acontecer no Aquário Natural e em alguns rios, como o Rio do Peixe, o Rio Sucuri e o Rio Formoso. No entanto, os banhos nas águas límpidas não eram organizados. CNN

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